quinta-feira, 28 de abril de 2016

Borboletas


*”Borboletas me convidaram a elas.
O privilégio insetal de ser uma borboleta me atraiu.
Por certo eu iria ter uma visão diferente dos homens e das coisas.
Eu imaginava que o mundo visto de uma borboleta seria, com certeza, 
um mundo livre aos poemas.
Daquele ponto de vista:
(...)
Vi que as andorinhas sabem mais das chuvas do que os cientistas.

Poderia narrar muitas coisas ainda que pude ver do ponto de vista de 
uma borboleta.

Ali até o meu fascínio era azul.”

Poema de *Manoel de Barros.

sexta-feira, 8 de abril de 2016

O vento


* “O vento é um inveterado ledor de tabuletas. E, com toda aquela pressa, é exatamente o contrário do leitor apressado: não salta uma só que seja, não perde nenhuma delas, lê e passa – que o seu destino é passar –, mas guarda uma lembrança vertiginosa de todas, principalmente das verdes, das vermelhas, (...) ...

Sabes? Passa no vento a alma dos pintores mortos, procurando captar, levar (para onde?) as cores deste mundo.

Que este mundo pode ser que não preste, mas é tão bom de ver!”

*Mario Quintana