quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Não pensar!


* “Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender...
O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...

Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe porque ama, nem o que é amar...
Amar é a eterna inocência,(...)”


*Fernando Pessoa

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Equilíbrio



Identifiquei o meu existir no que diz Mireia Darder, autora do livro Nascidas para o Prazer, nesse texto: “Só quando estou sozinha me sinto totalmente livre. Reencontro-me comigo mesma e isso é agradável e reparador. É certo que, por inércia, quanto menos só se está, mais difícil é ficá-lo. Mesmo assim, em uma sociedade que obriga a ser enormemente dependente do que é externo, os espaços de solidão representam a única possibilidade se fazer contato novamente consigo. É um movimento de contração necessário para recuperar o equilíbrio”.

terça-feira, 20 de setembro de 2016

Hino do Rio Grande do Sul


Como a aurora precursora
Do farol da divindade
Foi o 20 de Setembro
O precursor da liberdade

Mostremos valor constância
Nesta ímpia e injusta guerra
Sirvam nossas façanhas
De modelo a toda Terra

De modelo a toda Terra
Sirvam nossas façanhas
De modelo a toda Terra

Mas não basta pra ser livre
Ser forte, aguerrido e bravo
Povo que não tem virtude
Acaba por ser escravo

Mostremos valor constância
Nesta ímpia e injusta guerra
Sirvam nossas façanhas
De modelo a toda Terra

De modelo a toda Terra
(...)

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Tirania


Já diz do ditado: “A tirania do pseudo-poderoso é a razão de sua própria queda”, pois tens a postura de um Deus grego e a mesma tirania. E é falso. E eu na plena ironia, entre a minha loucura ou razão, observo-o com meu ego inflado e te uso como alvo de minha flecha. Serei então ouvida, aos que digerem em contraste, entre sal e açúcar ou como o dia e a noite. Teu abuso é bom ou mau; ao léu de quem, no seu descuido, se beneficia. 

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Trato e distrato


* “Em Paris, um tratado
gravemente firmado
renova outro tratado
longamente ajustado,
pesado, blablablado,
que tinha estruturado
o muito fofocado
acordo estipulado,
agora validado
e bem atualizado
para ser destratado
por um outro lado
conforme for do agrado
ou não, e emaranhado
o risco do bordado
da guerra do passado,
amanhã retramado.
Tudo bem combinado,
medido e conformado,
eis que fica evidenciado:
Todo e qualquer tratado
deve ser observado
como papo furado.”

É bem assim, não é? Todos os tratos têm distrato, como poema de *Carlos Drummond de Andrade.

Legado


Todas as plantinhas que meu pai plantou e deixou, rego com um sentimento tal qual este belo poema de *Lya Luft.

*”Foi meu pai quem plantou esse álamo
no meu jardim. Podou seus ramos,
e desde então seus dedos se multiplicaram,
sua voz se perpetuou em folhas
depois de cada inverno.

E quando o vento perpassa
os altos ramos do álamo generoso,
o tempo se dá por vencido,
a dor recolhe suas asas:
meu pai conversa comigo,
andando pela calçada
entre o meu coração e a sua morte.”

quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Anos


Lembrei da minha doce infância, lendo Virginia Woolf. “Era um crepúsculo de verão. O sol se punha. O céu ainda azul tingia-se de dourado, como se tudo se cobrisse de um fino véu de gaze. Aqui e ali, na amplidão ouro e azul, pairavam ilhas de arminho em suspenso. Nos campos as árvores se erguiam majestosas e ricamente ataviadas por suas inumeráveis folhas. Viam-se ovelhas e vacas, cor de pérola ou malhadas, jacentes as mais das vezes ou passando através da relva translúcida. Tudo estava orlado de luz.”