domingo, 6 de julho de 2014

O apanhador de desperdício


“*Tenho em mim um atraso de nascença.
Eu fui aparelhado
para gostar de passarinhos.
Tenho abundância de ser feliz por isso.
Meu quintal é maior do que o mundo.
Sou um apanhador de desperdícios:
Amo os restos
como as boas moscas.
Queria que a minha voz tivesse um formato de canto.
Porque eu não sou da informática:
eu sou da invencionática.
Só uso a palavra para compor meus silêncios.”

Parte do poema “O apanhador de desperdício” que celebra o silêncio versus a palavra, do poeta *Manoel de Barros.

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