As
pessoas pragmáticas e ansiosas por sucesso que me perdoem, pois, eu gosto mesmo
é de ser tranquila. Não do modo atávica, do tempo que os homens iam à caça e as
mulheres ficavam a cuidar da casa. Sou prática e realista, porém antes de ser
produtiva não me apraz enquadrar a padrões onde os que se dizem espertos buscam
persuadir uma multidão para seu fim. Minha intuição – GPS que me guia – comanda:
faz o que ama com excelência e compartilha, amando o que faz, aquilo que deve.
domingo, 31 de janeiro de 2016
sábado, 30 de janeiro de 2016
Lacunas
* “O que
não falei, tombou dentro de mim como um pássaro sem asas.
O que não cumpri, ressecou na soleira do sol.
O que não cantei, silenciou no lírio de cristal.
O que não dancei, evaporou na espiral da brisa.
O que não li, afastou-se no barco de papel.
O que não escrevi, desidratou o verbo no varal.
O que não ousei, diluiu-se na água estagnada.
O que não protestei, anulou-se na bandeira abandonada.
O que não amei, desfez-se sem adeus, não deixou nada.”
O que não cumpri, ressecou na soleira do sol.
O que não cantei, silenciou no lírio de cristal.
O que não dancei, evaporou na espiral da brisa.
O que não li, afastou-se no barco de papel.
O que não escrevi, desidratou o verbo no varal.
O que não ousei, diluiu-se na água estagnada.
O que não protestei, anulou-se na bandeira abandonada.
O que não amei, desfez-se sem adeus, não deixou nada.”
Poema de *Flora
Figueiredo.
sexta-feira, 29 de janeiro de 2016
Leveza
Ando
de bicicleta em estradas abertas e abandono meus cabelos ao vento. De o meu
pedalar, a velocidade e o vento conseguem mover e sustentar meus longos fios de
cabelos e desembaraçar meus pensamentos. Despojadas, minhas idéias que em mim
habitam, fluem. Daqueles meus pensamentos pesados e aborrecidos, nada ficam
além de tudo. Aqueles duros se dissolvem. Para onde vão? Aonde todos os ventos vão dar?
Aonde se acabam ou se perdem, pois! Mais
devagar agora, percebo do meu cotidiano, tudo ao vento, mais leveza nos meus
pensamentos.
domingo, 24 de janeiro de 2016
Da floração
No
período da primavera passada, no ano de 2015, as flores desabrocharam antes do
tempo e excessivamente. Veio minha curiosidade: pode uma árvore suportar tanta
fruta? Os frutos foram desenvolvendo em cachos e vieram às intempéries do
clima: chuvaradas, vento forte, pedras de gelo, ora clima seco ora úmido, calor
ou frio intenso. Veio à resposta: chegou o verão e poucos frutos restaram
daquela floração. A vida inteligente das plantas prevê, é o seu jeito de ter sobrevivência.
E nós, humanos, o que fazemos para suportar as tempestades?
quinta-feira, 21 de janeiro de 2016
Entretenimento
Nestas tardes prolongadas de verão, aqui
no sul, cheio de luminosidade e calor, nada existe de melhor que uma roda de
amigos ou de gente querida, debaixo de uma árvore, com causos e anedotas a contar.
Se tiver na roda uma gaita ou violão, ainda melhor! Enquanto isto, milhões de
pessoas estão a ver o mesmo jornal televisivo, enquadrando-os a pensar igual.
No encontro de pessoas, quem sabe sagrado, a partilha do saber permite a cada
uma captar de um jeito diferente que fortalece e enriquece a alma.
Alegria
Já
disse a poeta Adélia Prado: “Não precisa inventar nada, nada, nada”. E não
precisa mesmo! Alegria tal a pureza duma criança a seguir seus sentimentos e
pensamentos. Assim, a seguir seu rumo, guiados pelo vento. Alegria, tal a
canção de Caetano Veloso: “Sem lenço, sem documento. Nada no bolso ou nas mãos.
Eu quero seguir vivendo, amor. Eu vou. Por que não, por que não...” Basta o meu
coração puro. Alegria, alegria! Estou a sentir e irradiar. E a cada respiração
vou partilhar, sim. Por que, não!
segunda-feira, 18 de janeiro de 2016
Desapego
Desde
que estudei Arquitetura&Urbanismo me
pego a juntar papéis e livros que aportam alguma diferença criativa. Tempos
mudaram, arquivos eletrônicos vieram – não confio: o avanço rápido das
tecnologias me fizeram perder arquivos valiosos. Das tantas andanças que eu fiz
durante certa fase da vida, a papelada além de espalhada e disseminada, reduziu-se.
As que ainda eu tenho, haja coragem para selecionar o que realmente eu não vou
precisar para o resto da vida ou que alguém de fato aprecie. Divirto-me e o
desapego é também um ato criativo!
domingo, 17 de janeiro de 2016
Me confesso
Me confesso
de ser tudo
que possa nascer em mim.
De ter raízes no chão
desta minha condição.
Me confesso de Abel e de Caim.
que possa nascer em mim.
De ter raízes no chão
desta minha condição.
Me confesso de Abel e de Caim.
Me confesso
de ser homem.
De ser um anjo caído
do tal céu que Deus governa;
de ser um monstro saído
do buraco mais fundo da caverna.
De ser um anjo caído
do tal céu que Deus governa;
de ser um monstro saído
do buraco mais fundo da caverna.
Me confesso
de ser eu.
Eu, tal e qual como vim
para dizer que sou eu
aqui, diante de mim!”
Eu, tal e qual como vim
para dizer que sou eu
aqui, diante de mim!”
* “Livro de
horas", Miguel Torga. Este escritor morreu em 17-01-1995, em Coimbra,
Portugal.
Memória
Aquela
facilidade que tinha de lembrar e associar, de modo logico e rápido, jogos ou fatos me foi um tempo dourado. Hoje, minha memória se mostra
bastante preguiçosa e até se confunde com tanto recurso disponível a qualquer
necessidade a vida. Como diz Drummond: “As coisas tangíveis tornam-se
insensíveis à palma da mão”. Conservar imagens ou idéias quase já não faz mais
sentido, elas estão com alta velocidade, livremente disponíveis. Alerto, porém,
que as coisas mesmo que findas, a minha releitura é singular, ainda que
singela. Readquirir minha memória é imprescindível.
sábado, 16 de janeiro de 2016
Devolva-me
Olhaste-me
com atenção e instantaneamente captaste minha emoção. Dei a ti, mansamente, o que
de melhor de mim existia, com graça, doçura e entusiasmo. Uma nova feição tomou
conta de mim. De um estado meigo me converti inteiramente o que precisavas. Despossuída
da minha autenticidade sobrou-me minha esquisitice. Embrulhada. O que o tempo
levou, um fragmento me desperta agora. Decido que com docilidade farei
transbordar novamente o meu existir. Para isso, eu preciso que imediatamente,
com mesmo teor, me entregues o que de mim roubaste. Por favor, devolva-me!
sexta-feira, 15 de janeiro de 2016
Banal
Em tempo de valores invertidos, o desapego a coisas insignificantes parece
normal. Mas sempre temos um treco fútil que associamos alguma lembrança
afetiva. Enquanto eu possuo esta coisa que me remete algum tempo ou passagem,
lá me pego. Distanciar-me disto muda a minha trajetória (in)subordinada? Com
que preencheria esta lacuna que se destina. Esta atitude banal seria sem valor
a qualquer um ou só significa pra mim? Ora, o trivial faz parte de o meu
existir também fará a aqueles que me acompanham, na história e pro futuro.
quarta-feira, 13 de janeiro de 2016
Hibiscus
Brisa fresca na tardinha de
verão. Estou de cabelos soltos e molhados. Quero saber como estão os hibiscos
no jardim, em forma e cor, tal é sua perfeição. Matizes da cor rosa meio
nervuras brancas das cinco pétalas. Cinco estigmas, meio a estames de amarelo
vivo. Exuberantes nos galhos, cercados de folhas de um verde intenso. Antes que
o sol se rompa, quero aspirar o perfume desta flor, assim como atraída pelo
beija-flor que e o alimenta. O encantamento e segredo garantem minha calma e adormecerei tranquila.
terça-feira, 12 de janeiro de 2016
Mofo
Por Lislair Leão Marques
Uma
tarde quente e úmida. Dentro de casa, frescor suave. A rua tranquila. Uma xícara de café e um copo d’agua a borbulhar. Um computador, tempo e tudo para escrever
o que me vier. Amo isto: silêncio, ausência. Calor e umidade que dá vida a
biologia. Bolores crescem. Mas bem, minha companhia agora é um congestionamento
nas minhas vias respiratórias. Isto: gripe e dor de cabeça. Do mofo deste
verão. Dos papeis antigos que precisei manusear. Cresce também minha percepção.
A vida nos dá aquilo que decidimos precisar.
domingo, 3 de janeiro de 2016
Haja esperança!
Esgotadas
as celebrações que marcaram a transição para o Ano Novo, depois de
aceito todas as perdas e acertos do que foi passado, renovaram-se as esperanças.
No entanto, haja fôlego pra reinstalar o cotidiano. De fato, o que mudou? A
infra-estrutura? As contas para pagar? Os políticos? Os hipócritas? Os
corruptos? A desenfreada velocidade cibernética? A quantidade de gente? A fome?
A poluição? A estratosfera? O clima? O que nos resta senão a disposição de ter outro
olhar sobre as coisas e encarar um jeito diferente? Haja esperança!
sábado, 2 de janeiro de 2016
Ano Novo, metas
Por Lislair Leão Marques
O
balanço de avanços de 2015 e as metas de 2016 vieram-me junto à ideia que, se chegar à idade de meu pai, 88 anos, eu tenho 33 anos pela frente. Idade de vida
de Cristo. Quero antes de tudo, que meu coração, relógio da vida, pulse sempre tranqüilo
na companhia daqueles que me são preciosos – longe ou perto. Sem procrastinação
ao clamor das coisas, tudo ao seu tempo. Que todo o dia eu acorde com chilrear
dos pássaros e a disposição de cumprir e velar o Novo.
Passagem do ano
Por Lislair Leão Marques
“... O recurso de se embriagar.
O recurso da dança e do grito,
O recurso da bola colorida,
O recurso de Kant e da poesia,
Todos eles... e nenhum resolve.
O recurso da dança e do grito,
O recurso da bola colorida,
O recurso de Kant e da poesia,
Todos eles... e nenhum resolve.
Surge a manhã de um novo ano.
As coisas estão limpas, ordenadas.
O corpo gasto renova-se em espuma.
Todos os sentidos alerta funcionam.
A boca está comendo vida.
A boca está entupida de vida.
A vida escorre da boca,
Lambuza as mãos, a calçada.
A vida é gorda, oleosa, mortal, subreptícia.”
As coisas estão limpas, ordenadas.
O corpo gasto renova-se em espuma.
Todos os sentidos alerta funcionam.
A boca está comendo vida.
A boca está entupida de vida.
A vida escorre da boca,
Lambuza as mãos, a calçada.
A vida é gorda, oleosa, mortal, subreptícia.”
Do poema de Carlos
Drummond de Andrade.
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