quinta-feira, 31 de março de 2016

Importa

*“Primeiro levaram os negros
Mas não me importei com isso
Eu não era negro

Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
(...)

Depois prenderam os miseráveis
Mas eu não me importei com isso
Porque eu não sou miserável

Depois agarraram uns desempregados
Mas como tenho meu emprego
Também não me importei

Agora estão me levando
Mas já é tarde
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo.”


Do célebre poema de *Bertolt Brecht, dramaturgo, poeta e encenador alemão do  século XX.

domingo, 20 de março de 2016

Palavras


* "Abro a gaveta, e salta uma palavra:
dança sedutora sobre o meu cansaço,
veste-se de indefinições, vagueia
no labirinto das ambiguidades.
Acha graça de mim, que espero à frente
encontrar a solução dos meus enigmas.
(...)
mas ela decide meus passos: peso de fruta
no sono da semente, assiste à minha luta
quando a desejo aprisionar, e às vezes até finge
que sou eu a senhora, a domadora, a fonte.
As palavras riem dos poetas, pois são livres:
nós, mediação incompetente."

Do poema “Limites” da escritora *Lya Luft

quinta-feira, 17 de março de 2016

Onde andas?


... se a mim ... a voz... ao longe ... perguntasse... onde andas? ... onde queres chegar? ... ao longe... por onde andas ... se tu és minha... e és voz... no longe... de onde ecoas... por certo... eu posso estar... com quem caminhas?... e a quem escutas?... insiste... a perguntar... caminho só... escuto a voz... que és minha... e só voz... e quando escuto ... quando ecoas ... és o caminho ... não ando só ... se a mim ... ao longe ... a voz ... apenas perguntasse...

Roubar


*“Existe apenas um pecado, um só. E esse pecado é roubar. Qualquer outro é simplesmente a variação do roubo. Quando você mata um homem, está roubando uma vida, está roubando da esposa o direito de ter um marido, roubando dos filhos o direito de ter um pai. Quando você mente está roubando o direito de saber a verdade. Quando você trapaceia, está roubando de alguém o direito à justiça. Entende. Não há ato mais infame que roubar.”

De *Khaled Hosseini

terça-feira, 15 de março de 2016

Um novo dia amanhece

Por Artur Osório

...  e quando... eu me sinto perdido... um novo dia amanhece... e ele novamente me abraça... de longe... me fala de coisas... que apenas de nós... tem passado e futuro... e fica ao meu lado... como se vivesse o presente... imóvel... e quase ausente... sorri e passa a mão nos cabelos... estranhamente me move... e me deixa... como quem vai... e não volta... mas eu nunca fico só... quando eu me sinto perdido... pois ele me abraça de longe ... e então ... um novo dia amanhece ...

As duas flores

*”São duas flores unidas,
São duas rosas nascidas
Talvez do mesmo arrebol,
Vivendo no mesmo galho,
Da mesma gota de orvalho,
Do mesmo raio de sol.
Unidas, bem como as penas
Das duas asas pequenas
De um passarinho do céu…
Como um casal de rolinhas,
Como a tribo de andorinhas
Da tarde no frouxo véu.
(...)
Unidas… Ai quem pudera
Numa eterna primavera
Viver, qual vive esta flor.
Juntar as rodas da vida,
Na rama verde e florida,
Na verde rama do amor!”

As duas flores, *Castro Alves.

Às avessas


No desenrolar desta última década e meia, temos uma certeza: muita coisa mudou com a evolução e acessibilidade das novas tecnologias digitais.  A percepção do impacto proporcionado por isto é que gera dúvida. Vantagens e desvantagens. Saber que a humanidade é igual em todos os campos do mundo nos alivia das culpas, elimina as curiosidades e elucida as diferenças. No entanto, sabe-se que há excessiva valorização dos virtuais amigos, não se importando com as pessoas reais que estão do nosso lado, tem-se convívio às avessas, distraído.

domingo, 13 de março de 2016

Viajar


Gosto de me sentir em movimento.  Paisagens a vista e meus pensamentos se renovam. Se sozinha a reflexão vem como um grito de liberdade.  Se outras pessoas estão na jornada, uma alegria se abraça com o contar de histórias que se esvaem com a viagem. É quase um processo, e assim, eu adoro. Ao chegar a novos lugares me encho de curiosidade nos modos do povo, na comida e nas coisas. Satisfaço-me com o novo. Encho-me de nostalgias! Hora de voltar para casa: o melhor lugar do mundo. 

O Poder das Poderosas


Um futuco aqui: uma elucubração que intriga o pensar de quem concebe. Melhor é espalhar, pois esta companhia incomoda. A primeira pessoa que se encontra: uma conspiração... melhor se em estado íntimo ou em segredo. A trama tece, segue arquitetada. Espontaneamente um fuxico ali e a fofoca está na boca de todas. O conluio, mesmo com afetação, estrondosamente instaura. É o poder das poderosas, que vem com a indignação por si só depois pelas outras e finalmente pelo que cultua como sociedade, cuja aceitação e revelação são entrelaçadas.

sexta-feira, 11 de março de 2016

Sentimento


*"Não me prendo a nada que me defina. Sou companhia, mas posso ser solidão. tranqüilidade e inconstância, pedra e coração. Sou abraços, sorrisos, ânimo, bom humor, sarcasmo, preguiça e sono. Música alta e silêncio. Serei o que você quiser, mas só quando eu quiser. Não me limito, não sou cruel comigo! Serei sempre apego pelo que vale a pena e desapego pelo que não quer valer… Suponho que me entender não é uma questão de inteligência, sim de sentir, de entrar em contato. Ou toca, ou não toca."

*Clarice Lispector

Coisas


*"Os funcionários não funcionam. Os políticos falam mas não dizem. Os votantes votam mas não escolhem. Os meios de informação desinformam. Os centros de ensino ensinam a ignorar. Os juizes condenam as vítimas. Os militares estão em guerra contra seus compatriotas. Os policiais não combatem os crimes, porque estão ocupados cometendo-os. As bancarrotas são socializadas, os lucros são privatizados. O dinheiro é mais livre que as pessoas. As pessoas estão a serviço das coisas."

Palavras do expressivo pensador uruguaio, *Eduardo Galeano, em seu livro “O livro dos abraços”.

quinta-feira, 10 de março de 2016

Flor


Palavras do escritor Paulo Coelho, cheias de verdade: “Quem tentar possuir uma flor, verá sua beleza murchando. Mas quem apenas olhar uma flor no campo permanecerá para sempre com ela. Você nunca será minha e por isso terei você para sempre.”

Amo flores, de quase todas as espécies: suas cores, formas e perfumes. Gosto das que eu planto e cuido, das que brotam das árvores ou que nascem nos campos. Às vezes rendo-me em apanhá-las... Curto ter arranjos dentro de casa. Reparo-as para não murcharem e dão-me cores.

Verdade


De São Bernado de Claraval: “O verdadeiro amor nasce de um coração puro, de uma consciência boa e de uma fé sincera, e ama o bem do próximo como se fosse seu”. E se ama o bem do próximo como se fosse seu: há algo mais forte que as forças do coração? A razão se combate com forças da razão? Se o amor é a finalidade, a condescendia é o caminho. Premissa para que o cotidiano nos pulse com jeito tranqüilo. E a vida seja cheia de graça!

Amigos Médicos


Por passagem recente, refletir, pois:

*”Os médicos existem para tratar, não para decidir o lugar de seu paciente se sua vida – e sua morte! – vale ou não a pena ser vivida. Cuidado, amigos médicos, com o paternalismo: vocês têm a se encargo a saúde de seus pacientes, não a sua felicidade, mas não sua serenidade. Um doente terminal não tem do direito de ser infeliz? Não tem o direito de ficar angustiado? O que é  então, nessa infelicidade, nessa angústia, que os assusta tanto assim?” por *Martins Fontes.

quarta-feira, 9 de março de 2016

Sombra

Por Lislair Leão Marques

Tem uma fonte de luz que brilha acima a mim e que me sobrepõe. Seus raios se projetam e contornam-me pelos seus reflexos. Quando eu estou em movimento, paro a me ver a sombra que se cria. Vejo-me ou me movimento, vejo-me ou paro ou não me vejo e sigo a caminhar. Olhar para o que se cria é não abandonar o que me conduz. De certo modo olhar para minha sombra é brincar com o eterno. Das coisas que de sua luz e alinhamento eu me passo a induzir ou seduzir.

terça-feira, 8 de março de 2016

Pão


*”Como feixes de trigo, ele vos aperta junto ao seu coração.
Ele vos debulha para expor vossa nudez.
Ele vos peneira para libertar-vos das palhas.
Ele vos mói até a extrema brancura.
Ele vos amassa até que vos torneis maleáveis.

Então, ele vos leva ao fogo sagrado e vos transforma
o pão místico do banquete divino.
Todas essas coisas, o amor operará em vós
Para que conheçais os segredos de vossos corações
E, com esse conhecimento,
Vos convertais (...).”


Parte do poema “O Amor”, escrito por *Khalil Gibran.

sexta-feira, 4 de março de 2016

Fidelidade


Fidelidade eu prometo, como:

* “De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

(...)

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.”



Do poema “Soneto da Fidelidade”, de *Vinicius de Moraes. 

Música


Tudo é música na matemática e tudo é matemática na música. Com lógica, como todas as coisas desta vida.  Perceptível ou não a nós. Simpatizo, por momentos, ouvir sons suaves, clássicos ou melodiosos.  Meu raciono torna-se mais concreto. Minha memória desperta mais consciente: menos apegada e mais concentrada. Meu pensamento se alinha mais livre. Mexe com a minha cabeça. A música é tanto mais elevada quanto mais e desenvolvo com amor. Sem dúvida, é a minha melhor companhia. Com a música transcendo ao mundo e assim, me pertenço.

O Amor


“Eis que os seres humanos, inicialmente eram de três tipos: homem, mulher e andróginos. E eram também duplicados e unidos pelo umbigo. Zeus, temendo a presunção de tanta auto-suficiência, para enfraquecê-los, divide-os em dois e cada uma das partes passará a vida à procura de sua outra metade original, (...)

Para Aristófanes, o Amor é justamente essa busca constante e incansável por sua outra metade a fim de se restabelecer o original e primitivo “todo”.


Do clássico livro “O Banquete” de Platão, escrito por volta de 380 a.C..

quinta-feira, 3 de março de 2016

Florence Nightingale (1820 – 1910)


Inglesa, enfermeira conhecida como “A dama da lâmpada”, por utilizar do instrumento para examinar os feridos durante a noite durante a Guerra da Criméia(1853-1856).

Com 38 enfermeiras treinadas por ela, partiu para os campos de batalha na Guerra da Criméia(1854). Reduziu vertiginosamente o índice de morte por infecção dos feridos em combate. Voltou para casa doente e impossibilitada de exercer trabalhos físicos, foi considerada heroína. Fundou a Escola de Enfermagem no Hospital Saint Thomas. Recebeu da Rainha Vitória, Cruz Vermelha Real(1883) e tornou-se primeira mulher Ordem do Mérito(1907).

Maria Quitéria (1792 – 1853)


Filha mais velha de fazendeiro de Feira de Santana-BA, perdeu sua mãe cedo. Cuidou dos irmãos e casa desde dez anos. Analfabeta. Talentosa na arte da montaria e manuseio de armas, primeira mulher a fazer parte das Forças Armadas Brasileiras. Na consolidação da independência brasileira(1822), sem permissão do pai, fugiu, alistou-se como homem com o nome de Medeiros, no Batalhão dos Voluntários do Príncipe.

Nas batalhas contra os portugueses, foi exemplo de bravura. Foi condecorada pelo imperador D. Pedro I com a Ordem Imperial do Cruzeiro do Sul(1823).

Amelia Earhart (1897 – 1937)


Foi a primeira mulher a voar sozinha o oceano Atlântico e receber a “The Distinguished Flying Cross”, em 1932. Escritora e defensora dos direitos da mulher. Escreveu sobre suas aventuras e promovendo as mulheres na aviação tornou-se celebridade mundial.

Viveu uma infância bem aventureira com uma forte educação liberal financiada pelos seus avôs. Em 1920, procurou Anita "Neta" Snook para aprender a pilotar. Para pagar seus estudos, Amelia trabalhou duro como caminhoneira, fotógrafa e datilógrafa.

A partir daí, ela não parou mais, além de diversos recordes de velocidade.

Bertha Lutz (1894 – 1976)


Zoológa, formou-se em Paris(Universidade Sorbonne).

Em 1919, voltou ao Brasil, lutou pela igualdade de direitos jurídicos entre os sexos. Foi a segunda mulher a ingressar no serviço público: secretária do Museu Nacional do Rio de Janeiro. Fundou a Liga para Emancipação Intelectual da Mulher.

Em 1936, depois de duas derrotas eleitorais, assumiu o mandato de Deputada Federal. Lutou a favor da legislação do trabalho da mulher, propondo igualdade salarial, redução da jornada de trabalho e licença maternidade. Em 1937, com o golpe do Estado Novo, perdeu o mandato.

Anita Garibaldi (1821-1849)


Catarinense corajosa, Ana Maria de Jesus Ribeiro da Silva, aos 15 anos casou-se com Manuel Duarte Aguiar. Em 1837, o italiano Giuseppe Garibaldi invadiu Laguna na Revolução Farroupilha(1835 e 1845). Surpresa com seus ideais liberais e democráticos, abandonou o casamento e ao lado dele aprendeu a lutar.

Lutou em busca da democracia na Guerra dos Farrapos, batalha de Curitibanos, contra o ditador uruguaio Fructuoso Rivera e unificação italiana.

Em desvantagem, fugindo de forças que eram contra a unificação contraiu febre tifóide, grávida do quinto filho de Garibaldi, faleceu.

Desvelo


Tu és importante pra mim. Entenda isto: o que acontece contigo é como se acontecesse comigo, sem afetação. Meu zelo não é só para te proteger: eu quero teu bem estar. É um querer que estejas sempre livre, pois tu és para mim um ente mais que todos outros. Meu obvio afeto por ti se manifesta assim, é espontâneo e singelo, aceite! Acredite! Deixa este momento fluir para eu ser feliz, para tu ser feliz, para nós sermos felizes. E que este sentimento, Deus permita, perdure sempre. Combinado!

quarta-feira, 2 de março de 2016

Arte de Amar


*”Se queres sentir a felicidade de amar,
Esquece a tua alma.
A alma é que estraga o amor.
Só em Deus ela pode encontrar satisfação.
Não noutra alma.
Só em Deus - ou fora do mundo.

As almas são incomunicáveis.
Deixe o teu corpo entender-se com outro corpo,
porque os corpos se entendem, mas as almas não.”


Arte de Amar, poema do pernambucano *Manoel Bandeira (19/04/1886 – 13/10/1968). Ele foi poeta crítico literário e de arte, professor de literatura e tradutor. Sua literatura tem abordagens temáticas cotidianas e universais.